Em um momento de avanço tecnológico em direção a um futuro cada vez  mais virtual, muitas empresas, principalmente as pequenas, desconhecem  uma categoria de ativos dos mais importantes para o seu negócio: os  intangíveis. São marcas, patentes, softwares, informações  sigilosas ou produção intelectual que podem estar desprotegidos e de  fácil acesso para os criminosos digitais. “É muito difícil proteger este  tipo de riqueza”, avalia Victor Haikal, advogado especialista em  direito digital da PPP Advogados. Ele ministrou, na terça-feira (7) à  noite, uma palestra sobre o assunto no Like a Boss, o espaço que o Sebrae mantém na Campus Party 2012, em São Paulo.
Segundo Haikal, o Brasil vem resolvendo as questões digitais com muita  lentidão. Ele cita como exemplo uma decisão do Superior Tribunal de  Justiça que levou sete anos para afirmar que o Google não pode ser  responsabilizado por todo o conteúdo publicado no site de relacionamento  Orkut, que pertence à empresa. Apesar da morosidade da Justiça, cada  vez mais pessoas recorrem a ela para se defender de problemas nas redes  sociais. “Se a pessoa for até o fim no processo, muitas vezes a decisão é  favorável a ela”, disse.  
Em relação a ataques de criminosos digitais, segundo Haikal no direito  digital tudo pode ser prova: cds, disquetes, e-mail, sites de  relacionamento, fotos, gravações em caixas-postais de celulares. A  grande maioria dos processos na Justiça tem e-mails como provas. Se as  relações de compra e venda estão mudando, as relações com o direito  também evoluíram. As principais características do direito digital são  as relações não presenciais, máquinas como testemunhas e provas  eletrônicas.
Por isso, é preciso ficar atento ao construir um site de e-commerce,  participar de uma rede social ou fazer publicidade no mundo virtual. De  acordo com Haikal, 98% dos incidentes na internet são provocados por  usuários incautos. “O desconhecimento da lei é imperdoável”, afirmou.  “Crescem os problemas de direitos autorais. Nas redes sociais, tenham  cuidado com comentários e piadas de mau gosto. Elas podem levar a um  processo”, completou. 
Outro ponto importante, diz o advogado, é conhecer a política de  privacidade e as normas de utilização do site. “Ao aceitar a política  sem ler, o usuário dá um cheque em branco para que o site ou a  rede social faça o que achar melhor com as informações ali colocadas.  Por isso, é importante saber como as suas informações serão tratadas”,  diz Haikal.
Sopa
O especialista em direito digital diz que “a falta de regras claras no  mundo todo e, em especial no Brasil, para a utilização das informações  que estão na internet leva a um caos”. Ele defende que devem ser  elaboradas novas maneiras, menos restritivas, de controlar os direitos  autorais de conteúdos. Tramitam no Congresso americano dois projetos de  lei, o Stop Online Piracy Act (Pare com a Pirataria On-line, em tradução  livre), conhecido como Sopa, e Protect IP Act (Ato para Proteção da  Propriedade Intelectual), chamado de Pipa, para tentar combater a  pirataria na internet. Os projetos vêm provocando manifestações das  empresas de tecnologia. A favor, estão empresas tradicionais de  entretenimento, como as emissoras de televisão, gravadoras de músicas,  estúdios de cinema e editoras de livros.
Para Haikal, o Sopa penalizará não apenas o usuário, mas também sites de busca, provedores de conteúdo, meios de pagamento on line, entre outros. “Se o site  descumprir a lei pode ser penalizado, mas o foco dos projetos está em  empresas que ganham dinheiro com a pirataria, como as que vendem  remédios falsificados pela internet”, diz. Apesar disso, ele defende que  empresas da “velha economia sentem-se à mesa de discussão com a nova  economia e que a Organização das Nações Unidas (ONU) seja mediadora dos  conflitos”.
Fonte: Agência SEBRAE de Notícias 
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