sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Microcrédito para empresas é o foco dos bancos em 2012

O empreendedor foi o foco em 2011 dos bancos para o destino dos recursos do microcrédito. Até outubro do último ano, as aplicações atingiram R$ 1,323 bilhão, enquanto no mesmo período do ano passado, o volume era de R$ 925 milhões, alta de 43,03%. O Santander aposta no microcrédito produtivo orientado como forma de atingir um novo público, e de ter rentabilidade, com lucro líquido de R$ 17 milhões em 2011. Já os públicos Banrisul e Banco do Brasil integram programas governamentais. Entretanto, a linha possui o problema do alto custo diante das baixas taxas de juros. 
Após a Resolução nº 3.422 do Conselho Monetário Nacional (CMN), as instituições financeiras foram obrigadas a destinar 2% do saldo de depósito à vista ao microcrédito. Entretanto, a obrigação não define o perfil do tomador do empréstimo, o que proporcionava a maior destinação para o consumo. 
Mas em agosto de 2011, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou medidas de incentivo ao microcrédito produtivo orientado. No mesmo mês houve uma inversão das aplicações, sendo que o direcionado ao consumo passou a representar R$ 1,223 bilhão, e para as empresas foi para R$ 1,281 bilhão. 
O Santander atua com o produto desde 2002 com o total de R$ 1,3 bilhão em desembolsos e 250 mil clientes. No ano passado, a operação cresceu 49%, com o total de R$ 186 milhões. A base de clientes se elevou 8% ao longo de 12 meses, com 25 mil tomadores de empréstimos e 151 mil renovações de contratos. 
Segundo o superintendente do Santander Microcrédito, Jerônimo Ramos, a concessão do financiamento não é realizada da forma tradicional, mas sim por meio de 211 agentes de crédito, que têm a função de analisar a situação socioeconômica para conhecer a real necessidade e capacidade de pagamento de cada empresário. "Permite ter uma visão realista do faturamento líquido e se é responsável por despesas familiares, como aluguel, medicamentos, etc.". 
A entrega do recurso financeiro é realizada por meio de ordem de pagamento na agência mais próxima, já que boa parte dos clientes não possui conta corrente no banco. "O microcrédito se desenvolve onde não está o banco. Cerca de 75% dos desembolsos estão no Nordeste e quem chega até lá é o agente financeiro". 
Os financiamentos variam de R$ 500 a R$ 15 mil e os prazos de 4 a 24 meses, com tíquete médio de R$ 1,8 mil e taxa de juros de 2% a 3,95% ao mês. A taxa de adimplência é de 96,6%. "Entendemos o microcrédito como negócio e não como assistencialismo. É rica a relação com os microempreendedores", disse o superintendente, que acrescentou que o lucro líquido obtido em 2011 foi de R$ 17 milhões, alta de 73,5% na comparação com o ano anterior, que foi de R$ 9,8 milhões. 
Apesar da rentabilidade, a operação é custosa para o banco, segundo o superintendente do Santander. "O funding é barato, mas a operação custosa. Uma solução, por exemplo, seria a desoneração da folha de pagamento do agente de crédito". 
Integrante do programa do Governo do Rio Grande do Sul, o Banrisul aplica taxa de juros de 0,64% ao mês e 8% ao ano. O superintendente da unidade de Microcrédito, Sérgio Citolin, explicou que por conta da taxa aplicada a operação não é tão rentável quanto outras linhas, mas que não dá prejuízo. "O banco não olha para a rentabilidade, mas sim para o lado sustentável". 
Desde julho de 2011, início do programa, o total de desembolsos atingiu R$ 6,7 milhões, com a meta de chegar a R$ 50 milhões ainda neste ano. "A disposição é atender a demanda, se for de R$ 100 milhões é ir atrás de mais recursos", detalhou Citolin. 
O modelo de distribuição do Banrisul é distinto, com 27 cooperativas e 11 instituições de microcrédito. "Atende quem não tem acesso às linhas normais e com a construção do modelo de instituições subcontratadas e cooperativas sai do sistema tradicional do banco". 
O superintendente cita o exemplo de dois projetos no interior, na cidade de Soledad, onde os microempresários do setor de pedras preciosas necessitavam de recursos para se adaptar às normas ambientais. "Tiveram financiamento para as estações de tratamento de resíduos, se adequaram às necessidades de meio ambiente e puderam continuar com sua atividade". 
O Banco do Brasil atua desde setembro do ano passado com o Programa Crescer, em parceria com o governo federal. O presidente da instituição, Aldemir Bendine, durante divulgação do balanço, revelou que o foco neste ano está nos empréstimos para investimentos e crescimento das empresas, não somente custeio. "A meta de 2011 foi superada e 2012 deve atingir R$ 1 bilhão." Bendine também disse que o Banco Postal será utilizado para a inserção da linha nas Regiões Norte e Nordeste.
 
Fonte: DCI – SP

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