Se  começar um negócio no Brasil é caro e demorado, fechar uma empresa pode  ser muito pior. Quem quer encerrar as atividades de uma companhia pode  esperar até 4 anos, segundo dados do Banco Mundial. É muito tempo. Na  América Latina, a demora fica em 3,3 anos e na Colômbia, em apenas 1  ano. Além disso, o custo pode chegar a R$ 5 mil. Essa situação  desencoraja o empreendedorismo, reduz o crescimento econômico e gera  menos emprego. Mas com duas medidas simples, o Brasil pode melhorar o  processo de fechamento das empresas e seguir os passos da Colômbia. Os  colombianos têm o melhor ambiente para negócios na América Latina,  segundo um relatório do Banco Mundial. 
   Soluções
  O  primeiro passo a ser dado é garantir mais clareza e transparência nas  etapas de fechamento de uma empresa. “Não há nitidez sobre quais são as  etapas e em que ordem elas devem ser executadas, isso gera mais custos e  desperdício de tempo”, diz Júlia Nicolau, especialista em  competitividade industrial e investimentos da Firjan.
  A  segunda medida para acelerar esse processo é a unificação e  informatização. Algumas cidades como Curitiba já têm um sistema  informatizado, mas não é regra no país. Com essas ações, o tempo gasto  para encerrar uma atividade poderia ser reduzido pela metade. 
  Para  fechar uma companhia é preciso elaborar o distrato social, que é a  formalização do fim da empresa. Depois, é preciso verificar se há  débitos previdenciários, obter um certificado de regularidade do fundo  de garantia por tempo de serviço, efetuar a baixa da empresa no banco de  dados da prefeitura para evitar a cobrança de impostos e conseguir  certidões do Ministério da Fazenda informando que ela recolheu todos os  tributos. 
  Ainda  é necessário arquivar os documentos na junta comercial e proceder a  baixa do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Além de  trabalhoso, esse processo é caro. Contadores costumam cobrar entre R$ 2  mil e R$ 5 mil para realizar esse trabalho, sem incluir as taxas de  emissão de certidões. 
  “É  por isso que muitas pessoas deixam as empresas inativas, sem nenhuma  alteração de contrato ou capital social. Depois de 10 anos, as Juntas  Comerciais consideram que as atividades das empresas estão encerradas”,  diz Valdir Pietrobon, presidente da Federação Nacional das Empresas de  Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias,  Informações e Pesquisas (Fenacon). No país, há pelo menos 2,5 milhões de  empresas consideradas inativas pela Receita Federal e 1 milhão delas  são encerradas todos os anos.
  DÉBITOS 
  Atrasos provocam inatividade
  Um  dos fatores que elevam muitas pessoas a postergar o fechamento de uma  empresa são os débitos. A companhia deve ter realizado o recolhimento de  todas as contribuições junto à previdência social antes de encerrar as  atividades. Já com a Receita Federal a empresa precisa ter pago o  Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, o PIS, Cofins e a Contribuição  Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). 
  “O  problema é que quando alguém decide encerrar as atividades de uma  empresa é porque ela não deu lucro e, provavelmente, todos os recursos  dos donos já foram exauridos para tentar fazer a companhia prosperar”,  diz Bruno Quick, gerente de políticas públicas do Sebrae Nacional. Fica  difícil pagar todos os débitos para regularizar a situação da empresa. 
  A  lei determina que nesses casos as obrigações financeiras sejam  transferidas para o dono como pessoa física para que o processo de  encerramento da empresa seja concluído. “Os sócios também podem ser  incluídos como devedores solidários”, diz Verlânio Soares Pinheiro,  vice-presidente do conselho da micro e pequena empresa da Associação  Comercial de Belo Horizonte. Para fugir do pagamento desses débitos, os  donos preferem deixar as companhias inativas e abrir outros negócios.
Fonte: Brasil Economico 
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