terça-feira, 12 de junho de 2012

Crise? A renda subiu, o emprego aumentou...

Preocupada com possíveis respingos da crise econômica na Europa, a presidenta Dilma Rousseff convocou duas reuniões ministeriais no Palácio do Planalto, na segunda-feira 4, e pediu providências imediatas para manter o Brasil longe do contágio. Ela mesma deu o diagnóstico da situação interna aos assessores e concluiu que o governo deve reforçar os mecanismos de investimento para acelerar o ritmo da economia. Dilma pediu ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que providencie novas medidas para elevar os investimentos produtivos e evitar um resultado baixo do PIB, que deve ficar em torno de 3% neste ano. A conjuntura externa tem se deteriorado a olhos vistos, com o agravamento da situação na Grécia e na Espanha e a desaceleração na China e na Índia, e sempre há o risco de impacto no Brasil. Mas, embora esteja preparando medidas de incentivo ao crescimento, a Fazenda conta com a força do mercado interno. Com toda a razão. A renda dos brasileiros subiu 4,2% este ano, a massa salarial aumentou, o desemprego é o menor da década, o consumo está aquecido e a indústria voltou a crescer. Esse cenário criou condições para a presidenta Dilma lançar um desafio: “Quem aposta na crise, como alguns apostaram quatro anos atrás, vai perder de novo.”

Apesar de o PIB ter crescido apenas 0,2% no primeiro trimestre, o Brasil está longe da recessão que acometeu a Europa e, a cada semana, novos arsenais, como costuma dizer a presidenta, são acionados. Depois da conversa com Dilma Rousseff, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, anunciou corte de juros e ampliação do programa Progeren, voltado para a indústria de transformação. Na terça-feira 5, a Caixa Econômica ampliou de 30 para 35 anos os financiamentos habitacionais nos imóveis até R$ 500 mil, para manter a construção civil aquecida. E o discreto presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, garantiu que a atividade desde o mês de abril já está num ritmo maior do que exibiu entre janeiro e março deste ano. “A economia se expandiu a um ritmo mais lento, mas vai acelerar ao longo do ano”, afirmou Tombini.

A nova estratégia de crescimento se baseia não só na redução de juros, mas também no câmbio mais desvalorizado, na redução do custo da energia elétrica e mais investimentos públicos em infraestrutura para atrair o setor privado. “O investimento do governo está cerca de 30% maior do que no ano passado”, diz Mantega. “As estatais passaram a investir mais e a Petrobras vai anunciar seu plano de investimento. Os empresários se assustaram com a questão internacional, mas vamos mostrar que a economia brasileira pode crescer mesmo com uma crise.” Apesar do forte desembolso público, o governo não pretende abrir mão da meta de superávit primário de 3,1% do PIB. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, diz que, nos quatro primeiros meses de 2012, o governo alcançou praticamente a metade da meta de superávit. Augustin avalia, portanto, que há espaço para acelerar as obras do PAC sem comprometer as contas públicas. E é justamente isso que os ministérios dos Transportes e das Cidades vão ter que se esforçar para fazer. Até o momento, não conseguiram executar nem 15% dos investimentos previstos para este ano.

A presidenta Dilma quer que a economia brasileira comece 2013 num ritmo bastante acelerado e já está acionando o arsenal ao seu dispor. Para o cidadão comum, o governo se dedicará a reduzir os índices de inadimplência, facilitando a renegociação das dívidas com os bancos. Para os estados, nos próximos dias será encaminhado à Câmara um projeto de lei que altera a Lei de Responsabilidade Fiscal e permite aos governos aumentar suas dívidas e abrir mão de impostos para incentivar o setor privado. Em outra frente, os ministérios da Defesa, Educação e Saúde terão que ampliar os programas que envolvam a compra de equipamentos e bens de capital. Além disso, o Palácio do Planalto editou a medida provisória 556 para incluir as obras do PAC e da Educação no Regime Diferenciado de Contratações, criado para acelerar as licitações e flexibilizar as obras da Copa. Se todas as ações surtirem o efeito esperado, o brasileiro, no fim do ano, poderá comemorar não só o crescimento de sua renda, mas de todo o País.

Fonte: Revista IstoÉ

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