terça-feira, 12 de junho de 2012

Quando o medo de falar em público inibe a carreira

Mesmo com muitos anos de carreira, Chico Buarque e Maria Bethânia ainda estão no time dos que sentem um friozinho na barriga minutos antes de entrar no palco. É que ao mesmo tempo em que o público exerce um enorme fascínio também provoca medo. O problema é que o tremor nas mãos e a voz vacilante não são reações exclusivas dos artistas. Não é raro encontrar executivos que dão palestras ou que chefiam reuniões e que, mesmo assim, morrem de medo de falar em público. Muitas vezes, eles preferem fugir dessas situações do que enfrentá-las e, assim, acabam perdendo oportunidades na carreira. “A impressão que a pessoa tem é que, quando se tornar diretor ou presidente, o medo vai desaparecer. Mas, na verdade, o medo só aumenta. Ela começa a pensar que tem muito mais a perder e, ao mesmo tempo, não se conforma com nervosismo”, diz Reinaldo Polito, fundador do curso de expressão verbal que leva o seu sobrenome. Segundo o especialista, o medo surge por quatro motivos. O primeiro é a falta de conhecimento sobre o assunto que será abordado. “Neste caso, o executivo tem receio de esquecer um dado ou encontrar alguém na plateia que saiba mais do que ele.” Outro motivo é falta de coordenação da fala que acontece quando o executivo tem dificuldade de desenvolver uma linha de raciocínio. Há ainda a questão da falta de experiência de falar em público e, principalmente, a falta do autoconhecimento. “Todo mundo tem dois oradores: um real e um que é fruto da imaginação, das mágoas e das críticas que foram feitas ao longo da vida. É esse orador que faz com que a pessoa tenha medo da censura”, acrescenta. Independentemente de qual seja o motivo que leva ao medo, é possível desenvolver a habilidade de falar em público. “É possível transformar a angústia em prazer, porque o inimigo é a própria pessoa”, afirma Reinaldo Passadori, fundador do Instituto Passadori. Isso pode ser obtido com técnicas para organizar as ideias, ampliar o vocabulário, além de exercícios para a voz — tanto de tom quanto para regular a velocidade da fala. “Também é importante reforçar a autoestima e aprender a lidar com vários tipos de pessoas. Tudo isso é um aprimoramento contínuo”, acrescenta.
Curso de comunicação
Patrícia Mangini, coordenadora de projetos de uma grande empresa de engenharia, conta que já teve o famoso “branco” durante uma apresentação. “Quando esqueci o que ia dizer, tive que disfarçar e mudar de assunto”, afirma. “Sentia que não estava plenamente preparada para fazer a apresentação, pois geralmente a estruturação era feita com pouca antecedência, sem tempo para ensaiar.” A fim de mudar isso, Patrícia entrou em um curso de comunicação verbal. Um dos exercícios que considerou mais importante para o seu desenvolvimento foi ouvir comentários positivos sobre as suas apresentações. “Agora, eu também tenho procurado me preparar mais e ensaiar para ter mais
segurança. Até porque mesmo o improviso demanda um bom estudo prévio”, diz. “Sem falar que a leitura e construção de um bom vocabulário aliado ao treino constante é parte fundamental de todo este processo”, completa. Patrícia Fausto Jerênimo, supervisora da Essencis Soluções Ambientais, também buscou um desses cursos. Mas não que ela tivesse medo. “O presidente da companhia notou que as apresentações dos funcionários eram fracas e custeou o curso para 60 executivos. Para mim, ajudou a perder os vícios de linguagem, como o ‘né’ e o ‘tá’”, conta. “Logo depois do curso, tivemos apresentação de planejamento e vi um funcionário bastante inseguro. Treinei ele antes da apresentação seguinte. O resultado foi muito bom. O líder da equipe falou que, pela primeira vez, ele passou segurança no que estava apresentando. Foi gratificante.” Fernando Pereira de Jesus, fundador de Instituto FaleBem, diz que é importante contar com um amigo ou familiar nessas horas. “Serve de apoio ou orientador. É construtivo.”

Fonte: Brasil Econômico 

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