Ricardo Papa, 28 anos, diretor comercial da construtora de sua família
que leva seu sobrenome, sentiu a necessidade de atualizar conhecimentos
em sua área de atuação e optou por um curso de capacitação indicado pela
entidade do setor. Seu escritório fica em Pinheiros, e o curso era
ministrado na Avenida Paulista. Todo dia, após o trabalho, Ricardo tinha
que se deslocar até a região, enfrentar trânsito e assistir a quatro
horas de aulas por dia, com grande quantidade de informação, durante uma
semana. “Era muito maçante”, conta. Tirar dúvidas também era difícil,
pois havia cerca de 50 alunos na sala. Na hora de fazer o segundo
módulo, resolveu conhecer o curso on-line. A possibilidade de assistir
às aulas quando e quantas vezes quiser, seja em um intervalo do trabalho
ou em casa, e junto com membros da equipe, chamou sua atenção. “O
sistema dá sessenta dias para que eu possa assistir a quarenta horas de
aulas e ainda posso enviar dúvidas ao professor em chat online.” Para
Adriana Gomes, coordenadora do núcleo de Estudos e Negócios em
Desenvolvimento de Pessoas, da ESPM, o ensino à distância é tendência.
“A necessidade de continuar estudando é uma realidade para o
profissional, em qualquer área de atuação e segmento. Cursos on-line são
facilitadores, principalmente nas grandes capitais, com dificuldades de
deslocamento.”
Curta duração
O Brasil ainda é carente deste tipo de ensino, mas há muita coisa
disponível, que transpõe barreiras geográficas. Em geral, são cursos de
curta duração, como os oferecidos pela Faculdade Instituto de
Administração (FIA) e por profissionais autônomos de diversos setores da
economia, mas há também os de média duração e até MBAs e
pós-graduações, oferecidos pela Fundação Getulio Vargas (FGV). De forma
gratuita, há pequenos cursos e materiais de apoio, como palestras e
videoaulas, oferecidos por universidades nacionais ou instituições
internacionais, como as universidades de Harvard, Stanford e o Instituto
de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Os temas são ligados a negócios,
economia e administração, como gestão, estatística e cálculo e
discussões sobre a crise mundial, por exemplo.“É um meio das
universidades fazerem marketing dos seus cursos e atrair novos alunos”,
diz Elisabete Adami, coordenadora do curso de administração da PUC. A
FGV tem cursos on-line nas áreas de gestão, direito e economia desde
1995, e os gratuitos já alcançaram 13 milhões de acessos. “A educação à
distância chega como resposta ao desafio de preparar gestores
qualificados em qualquer parte do Brasil”, aponta o professor e diretor
da FGV Online, Stavros Xanthopoylos.Em outros países, destaca
iniciativas da UOC, na Espanha; London School of Economics, na
Inglaterra; Universidade de Phoenix, nos EUA; e Instituto Tecnológico de
Monterrey, no México.
Processo estruturado
Na FGV , os alunos são divididos em turmas e recebem acompanhamento
permanente de professor-tutor, que fica responsável pelo grupo. “Eles
orientam as atividades e estimulam a participação do aluno, para que ele
se sinta parte de um processo estruturado e, com isso, não se sinta
‘solto’”, explica o diretor. Nos cursos há reuniões on-line e, nos MBAs e
especializações, há encontros presenciais. Adriana alerta que quem quer
buscar qualificação por meio do ensino à distância precisa ter
disciplina, automotivação e se dedicar. “O aluno deve ser organizado e
comprometido. Ele já não precisa se deslocar, então deve arranjar tempo
para encaixar o estudo na rotina diária”, aponta.
Fonte: Brasil Econômico
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