Antes mesmo de a Apple lançar o iPhone e o iPad no Brasil, centenas de
equipamentos já circulavam por aqui. A maioria comprada no exterior. O
passo seguinte foi perceber que esses dispositivos passaram a entrar
rapidamente nas empresas, pelas mãos dos executivos. É um fenômeno
conhecido como Bring your own device (BYOD, em português “traga seu
próprio dispositivo”) ou consumerização, no qual as pessoas levam para o
ambiente de trabalho os seus equipamentos eletrônicos de uso pessoal.
Não
demorou para ser acionada a luzinha de alerta entre os gestores de
Tecnologia da Informação (TI). Afinal, com uma capacidade computacional
cada vez maior e grande poder de conectividade, os smartphones e tablets
passaram a representar um risco para a segurança das informações.
A
TI, que ainda nem conseguiu encontrar alternativas para proteger 100% o
ambiente corporativo dos dados que entram e saem através dos e-mails e
pendrives, já se vê diante de um desafio que não é mais apenas
tecnológico, mas também comportamental: o que fazer quando os aparelhos
usados são do próprio profissional? Como separar o privado do
corporativo? “Hoje é praticamente impossível delimitar isso, mas os
gestores de TI precisam desenvolver políticas claras e que contemplem
essa nova geração de profissionais, que está acostumada a utilizar esses
dispositivos móveis”, comenta Guilherme Lessa, sócio diretor da HUB
Competência.
Cada vez mais conectadas aos seus e-mails e redes
sociais, é até natural que as pessoas queiram usar também no ambiente de
trabalho os dispositivos móveis com os quais se sentem mais à vontade.
Os funcionários querem trabalhar à sua maneira, reforça uma pesquisa
realizada pela Cisco. O levantamento apontou que os dois principais
benefícios do BYOD são a melhora da produtividade - com novas
oportunidades de colaboração - e o aumento da satisfação no trabalho.
O
levantamento foi feito com base em entrevistas com 600 líderes de
tecnologia e de negócios dos Estados Unidos e mostrou que a TI está
aceitando e, em alguns casos, adotando a consumerização como uma
realidade. Pelo menos 95% dos entrevistados afirmaram que as
organizações permitem o uso de equipamentos pessoais de alguma maneira
no local de trabalho.
Mas nem tudo são flores. A segurança e o
suporte de TI são os principais desafios do BYOD. E, de fato, isso pode
representar riscos. Um executivo que tenha dados corporativos no seu
smartphone, ao perdê-lo, coloca em risco a sua corporação, já que outras
pessoas podem ter acesso a informações sigilosas. Da mesma forma, ao
usar a rede corporativa para acessar seus e-mails ou a internet, o
usuário pode acabar levando vírus ou outros códigos maliciosos.
De
acordo com a Airtight, uma das líderes globais em soluções de segurança
para ambientes wi-fi, 60% das redes já admitem dispositivos pessoais
externos. Porém, o gerenciamento, na maioria dos casos, ainda é falho.
Essa é uma das conclusões de um estudo que ouviu 316 profissionais das
áreas TI e segurança de redes.
A disseminação dos smartphones,
tablets e notebooks avança no mundo corporativo, mas a segurança nos
ambientes wi-fi ainda é o calcanhar de aquiles das redes ligadas a
negócios. A perspectiva é que é o BYOD seja um movimento sem retorno,
mas só se tornará maduro quando essa questão da segurança for resolvida.
Fonte: Jornal do Comercio
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