Os números do crédito para pequenas e médias empresas mostram uma dinâmica insustentável.As medidas macroprudenciais geraram uma falta de liquidez que forçou a tomada de empréstimos em termos menos convenientes numa desproporção com a mudança do ambiente econômico. O aperto das condições de forma tão brusca torna insolventes empresas que não o seriam sem a mudança abrupta na oferta de financiamento. É um comportamento imediatista com impactos adversos na sobrevivência de pequenos empreendimentos. Neste ano, as operações abaixo de R$ 100 mil subiram apenas 3,5%, menos que a inflação no período, uma diminuição em termos reais. A composição das carteiras aponta padrão inconsistente: concessões em conta garantida, que custa em média 106,2% ao ano, subiram 3,9%; novos financiamentos para aquisição de bens, que custam em média 17,7% ao ano, caíram 2,7%. O quadro de taxas cobradas também tem distorções. Por um lado, a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), usada como parâmetro em empréstimos do BNDES para grandes empresas, está congelada em 6% ao ano desde 2009; por outro, a taxa da conta garantida subiu mais de 25%. Uma consequência é o aumento na inadimplência da pessoa jurídica no sistema bancário, os atrasos superiores a 15 dias aumentaram 0,4%, e os maiores que 90 dias, 0,3% apenas em 2011; e está se propagando rapidamente a seus fornecedores. O Brasil vive um quadro de crescimento e de expectativas positivas. Mas esses números apontam para asfixia financeira em pequenas e médias empresas, com consequências previsíveis. O sistema financeiro nacional é sofisticado e oferece linhas abundantes para grandes empresas via BNDES. Mas não consegue financiar de forma conveniente firmas que buscam seu lugar ao sol. ROBERTO LUIS TROSTER é consultor e doutor em economia pela USP, foi economista-chefe da Febraban e da ABBC e professor de PUC-SP, USP e Mackenzie | |
Fonte: Folha de S. Paulo |
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Sistema nacional não financia bem as pequenas e as médias empresas
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