terça-feira, 18 de setembro de 2012

A empresa pode ser pequena, mas tem empregados fiéis

Em um momento em que cerca de um terço das demissões no mercado de trabalho brasileiro são motivados por funcionários em busca de outras oportunidades, empresários encontram-se diante de um dilema para conter essa rotatividade: como fidelizar o empregado para que ele não saia atrás de outro emprego? O problema é ainda maior nas pequenas e médias empresas, que por vezes não conseguem enfrentar em pé de igualdade as ofertas das maiores, com condições de oferecer mais benefícios e atrair os funcionários.
Mas há quem tenha tido sucesso. Ademir Barcheky é sócio-proprietário da Indústria Metalúrgica Barcheky, que trabalha há 24 anos com peças plásticas injetáveis, como teclados para alarmes e condutores, por exemplo. O “caçula” entre os dez funcionários está na empresa há 12 anos e o “mais velho” há 18. O segredo de Barcheky para cativar seus funcionários é oferecer aquilo que não tinha na época em que era empregado: liberdade.
“Antes de abrir a empresa trabalhei durante 18 anos como empregado, no chão de fábrica. Lá havia encarregados e gerentes que passavam a maneira de fazer o trabalho, mesmo eu sabendo que estava errado. Na minha indústria o funcionário tem liberdade para se sentir útil e desenvolver seu trabalho da maneira que acha melhor”, ressalta.
O empresário avalia ainda que os seus empregados são fiéis por terem salários melhores que os pagos no ramo e pelos investimentos em formação, com cursos de capacitação ao longo do ano. “Eles se sentem importantes porque investimos neles”, analisa. Outra questão que beneficia a empresa, segundo Barcheky, é o critério de seleção. “Recebemos muitos currículos, mas não aceitamos pessoas com menos de quatro anos pelas empresas que passaram. É uma maneira de filtrar os funcionários que querem mesmo estar na empresa”, pondera.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Emprego e Trabalho (MTE), o número de trabalhadores que se demitiram cresceu 72% nos últimos três. Essa situação, avalia a consultora do Sebrae-PR Fernanda Pesarini Tarli, afeta principalmente as pequenas empresas. “A rotatividade alta impacta as menores empresas, que para reter por mais tempo precisam de algumas características em comum”, explica.
Entre elas está uma política de recursos humanos bem definida, com direitos e deveres claros; um programa de cargos e salários (ou uma política transparente que mostre como os colaboradores podem crescer na empresa) e um ambiente agradável, em que empresário e funcionários se veem como pares. “Esses pontos geram um sentimento de pertencimento, que faz com que as pessoas trabalhem melhor”, ressalta.
A professora de Gestão de Pessoas do FGV Manegement Mara Beckert salienta que o diferencial das pequenas e médias empresas para reter os funcionários é aproveitar e desenvolver o potencial de cada pessoa. “Mais importante é o como fazer, que abre espaço para a criatividade e a bagagem de conquistas dos funcionários. Eles não ficam subutilizados nem desanimados, sentindo-se parceiros do negócio”, pontua Mara.

Fonte: Gazeta do Povo

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