Em um
momento em que cerca de um terço das demissões no mercado de trabalho
brasileiro são motivados por funcionários em busca de outras
oportunidades, empresários encontram-se diante de um dilema para conter
essa rotatividade: como fidelizar o empregado para que ele não saia
atrás de outro emprego? O problema é ainda maior nas pequenas e médias
empresas, que por vezes não conseguem enfrentar em pé de igualdade as
ofertas das maiores, com condições de oferecer mais benefícios e atrair
os funcionários.
Mas há quem tenha tido sucesso. Ademir Barcheky é sócio-proprietário
da Indústria Metalúrgica Barcheky, que trabalha há 24 anos com peças
plásticas injetáveis, como teclados para alarmes e condutores, por
exemplo. O “caçula” entre os dez funcionários está na empresa há 12 anos
e o “mais velho” há 18. O segredo de Barcheky para cativar seus
funcionários é oferecer aquilo que não tinha na época em que era
empregado: liberdade.
“Antes de abrir a empresa trabalhei durante 18 anos como empregado,
no chão de fábrica. Lá havia encarregados e gerentes que passavam a
maneira de fazer o trabalho, mesmo eu sabendo que estava errado. Na
minha indústria o funcionário tem liberdade para se sentir útil e
desenvolver seu trabalho da maneira que acha melhor”, ressalta.
O empresário avalia ainda que os seus empregados são fiéis por terem
salários melhores que os pagos no ramo e pelos investimentos em
formação, com cursos de capacitação ao longo do ano. “Eles se sentem
importantes porque investimos neles”, analisa. Outra questão que
beneficia a empresa, segundo Barcheky, é o critério de seleção.
“Recebemos muitos currículos, mas não aceitamos pessoas com menos de
quatro anos pelas empresas que passaram. É uma maneira de filtrar os
funcionários que querem mesmo estar na empresa”, pondera.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)
do Ministério do Emprego e Trabalho (MTE), o número de trabalhadores que
se demitiram cresceu 72% nos últimos três. Essa situação, avalia a
consultora do Sebrae-PR Fernanda Pesarini Tarli, afeta principalmente as
pequenas empresas. “A rotatividade alta impacta as menores empresas,
que para reter por mais tempo precisam de algumas características em
comum”, explica.
Entre elas está uma política de recursos humanos bem definida, com
direitos e deveres claros; um programa de cargos e salários (ou uma
política transparente que mostre como os colaboradores podem crescer na
empresa) e um ambiente agradável, em que empresário e funcionários se
veem como pares. “Esses pontos geram um sentimento de pertencimento, que
faz com que as pessoas trabalhem melhor”, ressalta.
A professora de Gestão de Pessoas do FGV Manegement Mara Beckert
salienta que o diferencial das pequenas e médias empresas para reter os
funcionários é aproveitar e desenvolver o potencial de cada pessoa.
“Mais importante é o como fazer, que abre espaço para a criatividade e a
bagagem de conquistas dos funcionários. Eles não ficam subutilizados
nem desanimados, sentindo-se parceiros do negócio”, pontua Mara.
Fonte: Gazeta do Povo
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