Com o crescimento da renda e a ascensão
da classe C, o consumo do brasileiro diversificou-se, o que permitiu a
ampliação do acesso a serviços como restaurantes, hotéis, viagens,
cursos e reparação de veículos e artigos de informática -comprados na
esteira do crédito farto.
Três ramos de serviços se beneficiaram
especialmente desse cenário: os prestados às famílias (alimentação,
cultura, hotelaria, cursos privados e outros), as atividades
imobiliárias (compra, venda e locação) e a reparação e a manutenção
(consertos).
O faturamento dessas atividades cresceu
44,9%, 59,8% e 63%, respectivamente, no acumulado 2007-2010, segundo a
Pesquisa Anual de Serviços (Pas) do IBGE. Os percentuais superaram a
expansão média, de 31,6%.
Os fatores "decisivos" para a inclusão de
novas classes no consumo de serviços foram o aumento da renda, do
emprego formal e do crédito, segundo Ana Carla Magni, economista do
IBGE.
"Nos últimos anos, o brasileiro passou a
comer mais fora de casa, ir mais vezes ao cabeleireiro e frequentar
curso de inglês. Essa nova dinâmica se refletiu no faturamento das
empresas."
Com o consumo em alta, o faturamento do
setor de serviços cresceu, em média, 8% ao ano de 2007 a 2010, acima do
PIB no período. Mesmo na crise de 2009, houve expansão: 6,4%; em 2010, a
cifra subiu para 11%.
Segundo Gilberto Braga, professor do
Ibmec, a renda mais elevada e a "inclusão social" levaram as famílias a
saírem de casa para consumir serviços, como ir ao cinema.
Já o crédito, diz, dinamizou os mercados de imóveis e veículos, ampliando o acesso aos serviços relacionados a esses setores.
Esses fatores foram mais marcantes no
Nordeste, onde os reajustes do salário mínimo e as transferências de
renda têm peso maior e alavancaram mais o consumo.
Na região, o faturamento dos serviços subiu 36,1% no acumulado de 2007 a 2010, acima da média nacional.
Para Braga, a continuidade do aumento do
mínimo acima da inflação, do crescimento do emprego e do crédito
resultaram em novas expansões dos serviços em 2011 e 2012. "Houve uma
mudança de hábito importante nesses últimos anos, que não acabou. Em
todos os países onde a renda cresce, aumenta o consumo de serviços. É um
processo histórico."
Um sinal dessa transformação é o
crescimento da receita de alimentação (50,4%), a maior dentre o grupo de
serviços destinados às famílias.
Composto por firmas de pequeno porte e
muito pulverizado, o grupo de serviços destinados às famílias liderava
em número de empresas e era o segundo a mais empregar, mas representava
apenas 9,9% do faturamento total.
SALÁRIOS
A demanda aquecida e a restrição de mão
de obra obrigaram as prestadoras a pagar melhores salários para atrair e
reter profissionais. O aumento acumulado de 2007 a 2010 foi de 38%.
Os maiores reajustes vieram de serviços
de reparação e serviços de informação (telecomunicações e informática)
-de 45%. Ambos sofrem mais com a falta de mão de obra.
Os serviços pagavam, porém, salários
relativamente baixos -de 2,4 salários mínimos na média de 2010. As
maiores remunerações eram de serviços de informação (5,8 salários).
O ramo, que vive de inovação e de
lançamentos de novos serviços, teve, porém, um desempenho mais fraco em
faturamento por conta da forte concorrência entre as empresas. Sua
receita subiu 21,8% no acumulado de 2007 a 2010, abaixo da média do
total dos serviços.
Fonte: Folha de S.Paulo
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