segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Ginástica para atrair os pequenos

Sem dinheiro para alugar um escritório, o casal de microempresários Roberta e Marcelo Greco decidiu investir em computadores apropriados para criar design e trabalhar na própria casa, num bairro da zona oeste da capital paulista. Dispostos a aplicar poucos recursos e ainda assim atrair o maior número possível de clientes, eles usaram um novo canal do Google, o Conecte seu Negócio, para montar a Bemap, empresa online que faz logomarcas para outras empresas de pequeno porte. Com a ferramenta, montaram o próprio site, com hospedagem e design gratuitos, pagando apenas R$ 30 ao ano para registrar o domínio virtual.

Resultado: com uma média de 30 pedidos por mês de clientes de lugares como, por exemplo, Rondônia, Rio de Janeiro e São Paulo, em três meses eles conseguiram recuperar o investimento e aumentaram em 50% o faturamento mensal. Pois foi justamente para o universo das chamadas micro e pequenas – um número estimado em 5,8 milhões de empresas, incluindo os empreendedores individuais –, das quais apenas 30% têm sites, que gigantes do mercado online vêm criando canais e produtos virtuais específicos. A estratégia é usar a internet para explorar ao máximo esses negócios de portes modestos, que, juntos, representam 21% do Produto Interno Bruto brasileiro.
Entre os exemplos da aposta do setor online nesse segmento empresarial está o Conecte seu Negócio, que o Google Brasil criou em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O objetivo do projeto é fazer com que empresários até então excluídos do mundo digital usem a tecnologia para reduzir significativamente seus custos operacionais. “O micro e o pequeno empreendedor têm de entender que, para sobreviver, é necessário se conectar ao desenvolvimento tecnológico”, diz Luiz Barreto, presidente do Sebrae. De janeiro a novembro, o Conecte seu Negócio registrou 18 mil domínios e 16,5 mil sites publicados, uma média de 250 por dia. 
O Sebrae calcula que até 2012 sejam 100 mil sites criados através do projeto. Ao aderir à plataforma do site, o microempresário ganha R$ 150 de crédito naquilo que o setor chama de add-words, palavras-chave que divulgam o nome ou link na página do site de buscas. A ideia foi lançada em 2011. “Nosso objetivo inicial é inserir as micro e pequenas no meio digital”, diz Alessandro Leal, diretor de vendas do Google. As investidas para atrair esse segmento, contudo, não se resumem a levá-las para a web. A segunda etapa é transportá-las para o comércio eletrônico. É simples entender a razão: o consumidor brasileiro está aberto às compras pela internet. 
Um estudo da consultoria Netpop Research, de 2009, apontou que, enquanto a média de compras online na América Latina é de 7,2 vezes por ano por consumidor, no Brasil é de 8,2. O Mercado Livre identificou esse potencial e por isso lançou o MercadoShops, produto digital que permite que os pequenos empreendedores criem sua loja. O Mercado Livre pretende, no entanto, que o cliente continue no site, mesmo quando seu negócio crescer. Por isso criou espaços individualizados para cada canal. “Começamos a ver que empresas como a Netshoes, uma das principais de e-commerce do País, um dia se hospedou no nosso portal, mas saiu”, diz Helisson Lemos, diretor-geral do Mercado Livre no Brasil. 
 
“Então pensamos: por que, em vez de perdê-los, não criamos plataformas próprias para eles?” A ferramenta tem uma modalidade gratuita e uma paga, com mensalidade de R$ 99.  A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também está de olho nesse segmento. A entidade criou o Clube Indústria de Benefícios, portal de negócios no qual fabricantes de pequeno porte podem comprar produtos e serviços, como planos telefônicos da Oi e Vivo, seguros de saúde da Amil, produtos das Lojas Americanas, passagens da TAM ou equipamentos da Dell. Inspirado no conceito de compras coletivas, o clube apenas anuncia ofertas especiais, e as transações devem ser feitas por telefone ou mediante a negociação direta entre comprador e vendedor. 
 
Já foram realizados mais de dois mil negócios e fechados 152 contratos com várias marcas por intermédio desse canal. Entre os patrocinadores estão nomes como Totvs, Amil, Ticket, Sesi, Senai e CBN. “Vimos que os fabricantes tinham dificuldade para se relacionar com seus fornecedores”, afirma Uirá Menezes, coordenador do projeto, que já recebeu R$ 4 milhões de investimento. “Por isso criamos entre elas uma cultura de negócios na web.” Ele calcula que, até meados de 2012, se 10% das 600 mil empresas industriais brasileiras conseguirem reduzir pelo menos R$ 10 mil com custos por meio das ofertas do Clube cada uma, seria possível obter uma economia operacional de R$ 1,2 bilhão por ano no setor.
São atrativos como esses que fizeram o Edenred, grupo que controla a marca Ticket, vender pelo Clube Indústria. Além disso, a companhia criou há seis anos um produto chamado Ticket Express. O serviço oferece atendimento exclusivo e descontos e já faturou R$ 1,5 bilhão. A meta é que até o fim do ano essa cifra cresça 15% e alcance uma carteira de 35 mil clientes. “É muito caro chegar a todos os pequenos lojistas do Brasil’, afirma Gustavo Chicarino, diretor de estratégia, marketing e produtos da Edenred. “A web diminui muito meu custo para atendê-los”, afirma.

Fonte : Isto E Dinheiro

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