segunda-feira, 16 de julho de 2012

Empresas apostam alto nas universidades corporativas

Com um investimento em capacitação profissional que superou os R$ 130 milhões somente no ano passado, a Universidade Corporativa do Banco do Brasil (UniBB) completa dez anos hoje. O dia 11 de julho de 2002 marca a consolidação de um projeto que começou muitos anos antes, em 1965, com o desenvolvimento de treinamentos internos, presenciais e a distância, para os funcionários. "O que mudou foi a importância estratégica da gestão de pessoas", afirma Robson Rocha, vice-presidente de gestão de pessoas e desenvolvimento sustentável da instituição.
Com sede em Brasília, nesses dez anos a UniBB, que reúne cursos internos desenvolvidos especificamente para os colaboradores do banco e programas externos em escolas parceiras, já concedeu 25 mil bolsas de estudo para graduação, 5 mil para pós lato sensu, 20 mil em MBA e 250 bolsas de mestrado e doutorado a funcionários de todos os cargos.
Além dos programas de formação executiva, 10 mil bolsas para cursos de idiomas e mais de 250 mil certificações em áreas como agronegócios, economia e finanças também já foram concedidas. Somente nos cursos desenvolvidos sob medida, foram investidos R$ 58,5 milhões em 2011. Rocha afirma que esses programas são formatados de acordo com as necessidades de momento. "Agora, estamos trabalhando forte no tema internacionalização", diz.
Segundo Marisa Eboli, professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), embora existam experiências práticas anteriores a 1999, o ano é considerado o "marco teórico" da educação corporativa no país. "Foi nesse período que se publicou o primeiro livro sobre o tema", afirma. Um estudo publicado por Marisa, em 2009, mostra que as ações educacionais estão associadas ao cumprimento de objetivos das companhias e são direcionadas para obtenção de vantagem competitiva. Além disso, são usadas para mapear as competências das equipes e para disseminar a cultura organizacional.
Se a essência dos programas continua a mesma, o mesmo não se pode dizer sobre o tamanho do setor. Em 1999, havia apenas dez universidades corporativas ativas no país. Hoje, Marisa estima que existam cerca de 500. O público beneficiado pela educação corporativa é bastante amplo. Segundo dados compilados pela professora junto a 54 empresas, são atendidos desde trainees e estagiários até profissionais de nível executivo, passando pela equipe administrativa e de vendas. O conhecimento é aplicado na inovação de processos e conceitos, na resolução de problemas, na formação de lideranças e na retenção de talentos. Para o futuro, Marisa explica que ainda falta, entre outros aspectos, adotar práticas de educação a distância de forma mais abrangente.
Para Carlos Netto, diretor de gestão de pessoas do Banco do Brasil, é fundamental investir no "e-learning", mas sem desconsiderar o aspecto presencial. "Queremos ampliar a educação a distância em programas que atendem públicos maiores", diz. Para o segundo semestre deste ano, o BB espera incluir os clientes do banco em seus programas de educação corporativa. Há projetos, inclusive, que visam capacitar de forma on-line donos de pequenas empresas em temas relacionados à gestão do negócio e universitários, ao desenvolvimento de carreira. Além disso, o tema educação financeira estará presente em programas-piloto ainda neste ano.
Aumentar o uso do ensino a distância também é um dos objetivos da Universidade de Negócios do Grupo Algar (UniAlgar). Cícero Domingos Penha, vice-presidente corporativo de talentos humanos, diz que hoje cerca de 20% da formação vem do ensino a distância (EAD), mas a meta é chegar a 50% em até oito anos. "É uma ferramenta importante para atingir localidades remotas", diz. Ele ressalta, no entanto, que o "e-learning" não pode ser adotado em qualquer situação. "A dinâmica e o debate entre as pessoas rendem outro tipo de aprendizado e aproveitamento. Alguns programas necessitam de encontros presenciais."
Somente no ano passado, a UniAlgar recebeu investimentos de R$ 15 milhões, cinco vezes mais do que no início do projeto, em 1998. Na época, o foco eram os líderes e havia apenas duas frentes de ensino: desenvolvimento da cultura organizacional e formação de lideranças. Hoje, a capacitação permeia todos os níveis profissionais e, ao longo dos anos, foram acrescentados novos eixos de ensino como formação mercadológica e ferramentas de gestão de pessoas. "As escolas não dão conta de preparar o executivo em relação às competências específicas do negócio. Desse modo, é essencial desenvolver programas internos."
Tanto a UniAlgar quanto a UniBB foram premiadas este ano. A primeira recebeu o título de melhor universidade corporativa do ano e, a segunda, o de melhor programa de educação corporativa. O reconhecimento foi dado pelo International Quality & Productivity Center (IQPC).
 
Fonte: Valor Econômico

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