Com
um investimento em capacitação profissional que superou os R$ 130
milhões somente no ano passado, a Universidade Corporativa do Banco do
Brasil (UniBB) completa dez anos hoje. O dia 11 de julho de 2002 marca a
consolidação de um projeto que começou muitos anos antes, em 1965, com o
desenvolvimento de treinamentos internos, presenciais e a distância,
para os funcionários. "O que mudou foi a importância estratégica da
gestão de pessoas", afirma Robson Rocha, vice-presidente de gestão de
pessoas e desenvolvimento sustentável da instituição.
Com sede em Brasília, nesses dez anos a UniBB, que reúne cursos
internos desenvolvidos especificamente para os colaboradores do banco e
programas externos em escolas parceiras, já concedeu 25 mil bolsas de
estudo para graduação, 5 mil para pós lato sensu, 20 mil em MBA e 250
bolsas de mestrado e doutorado a funcionários de todos os cargos.
Além dos programas de formação executiva, 10 mil bolsas para cursos de
idiomas e mais de 250 mil certificações em áreas como agronegócios,
economia e finanças também já foram concedidas. Somente nos cursos
desenvolvidos sob medida, foram investidos R$ 58,5 milhões em 2011.
Rocha afirma que esses programas são formatados de acordo com as
necessidades de momento. "Agora, estamos trabalhando forte no tema
internacionalização", diz.
Segundo Marisa Eboli, professora da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP),
embora existam experiências práticas anteriores a 1999, o ano é
considerado o "marco teórico" da educação corporativa no país. "Foi
nesse período que se publicou o primeiro livro sobre o tema", afirma. Um
estudo publicado por Marisa, em 2009, mostra que as ações educacionais
estão associadas ao cumprimento de objetivos das companhias e são
direcionadas para obtenção de vantagem competitiva. Além disso, são
usadas para mapear as competências das equipes e para disseminar a
cultura organizacional.
Se a essência dos programas continua a mesma, o mesmo não se pode dizer
sobre o tamanho do setor. Em 1999, havia apenas dez universidades
corporativas ativas no país. Hoje, Marisa estima que existam cerca de
500. O público beneficiado pela educação corporativa é bastante amplo.
Segundo dados compilados pela professora junto a 54 empresas, são
atendidos desde trainees e estagiários até profissionais de nível
executivo, passando pela equipe administrativa e de vendas. O
conhecimento é aplicado na inovação de processos e conceitos, na
resolução de problemas, na formação de lideranças e na retenção de
talentos. Para o futuro, Marisa explica que ainda falta, entre outros
aspectos, adotar práticas de educação a distância de forma mais
abrangente.
Para Carlos Netto, diretor de gestão de pessoas do Banco do Brasil, é
fundamental investir no "e-learning", mas sem desconsiderar o aspecto
presencial. "Queremos ampliar a educação a distância em programas que
atendem públicos maiores", diz. Para o segundo semestre deste ano, o BB
espera incluir os clientes do banco em seus programas de educação
corporativa. Há projetos, inclusive, que visam capacitar de forma
on-line donos de pequenas empresas em temas relacionados à gestão do
negócio e universitários, ao desenvolvimento de carreira. Além disso, o
tema educação financeira estará presente em programas-piloto ainda neste
ano.
Aumentar o uso do ensino a distância também é um dos objetivos da
Universidade de Negócios do Grupo Algar (UniAlgar). Cícero Domingos
Penha, vice-presidente corporativo de talentos humanos, diz que hoje
cerca de 20% da formação vem do ensino a distância (EAD), mas a meta é
chegar a 50% em até oito anos. "É uma ferramenta importante para atingir
localidades remotas", diz. Ele ressalta, no entanto, que o "e-learning"
não pode ser adotado em qualquer situação. "A dinâmica e o debate entre
as pessoas rendem outro tipo de aprendizado e aproveitamento. Alguns
programas necessitam de encontros presenciais."
Somente no ano passado, a UniAlgar recebeu investimentos de R$ 15
milhões, cinco vezes mais do que no início do projeto, em 1998. Na
época, o foco eram os líderes e havia apenas duas frentes de ensino:
desenvolvimento da cultura organizacional e formação de lideranças.
Hoje, a capacitação permeia todos os níveis profissionais e, ao longo
dos anos, foram acrescentados novos eixos de ensino como formação
mercadológica e ferramentas de gestão de pessoas. "As escolas não dão
conta de preparar o executivo em relação às competências específicas do
negócio. Desse modo, é essencial desenvolver programas internos."
Tanto a UniAlgar quanto a UniBB foram premiadas este ano. A primeira
recebeu o título de melhor universidade corporativa do ano e, a segunda,
o de melhor programa de educação corporativa. O reconhecimento foi dado
pelo International Quality & Productivity Center (IQPC).
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Fonte: Valor Econômico |
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Empresas apostam alto nas universidades corporativas
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