segunda-feira, 2 de julho de 2012

Encare uma aquisição ou fusão e sobreviva


Nos últimos 10 anos, Paulo Macedo trabalhou em cinco empresas diferentes sem nunca ter encaixotado os seus pertences. O executivo é o que se pode chamar de “sobrevivente” a fusões e aquisições. A história começa com a sua chegada à empresa de bebidas canadense Molson que, logo em seguida, comprou a Kaiser. Cinco anos depois, em 2007, foi a vez da Femsa substituir o grupo controlador no Brasil. Em 2010, a empresa mudou de mãos novamente: passou para os holandeses da Heineken. Nessa dança das cadeiras dos acionistas, Macedo não ficou parado. A cada mudança, as responsabilidades do executivo aumentaram — no início era diretor de comunicação e hoje é vice-presidente de um dos maiores conglomerados do setor de bebidas do mundo. Assim como Macedo, Theo Pinheiro também é figurinha marcada na equipe escolhida para ficar no escritório de publicidade que passou por quatro operações de aquisição e fusão. O publicitário começou na Dez Propaganda que passou a se chamar Energia, Dez Brasil e ainda Energy. Hoje, se chama VML. Esses casos são curiosos por serem, na maior parte das vezes, exceções. Quando companhias passam por uma fusão ou aquisição, o mais comum é que, em caso de duplicata de cargos, ocorram demissões. Portanto, o que os dois executivos têm em comum que explicam a permanência deles? Especialistas dizem que a flexibilidade a mudanças, os conhecimentos sobre o setor e a empresa, além dos resultados apresentados nos últimos anos são os fatores que mais pesam na balança, na hora de definir o novo quadro de funcionários da companhia. “Portanto, não se precipite, apenas demonstre a sua competência. O melhor é não pedir demissão, e esperar ser escolhido ou não. Se a situação não for insuportável, é melhor aguardar ser, eventualmente, demitido pois, neste caso, o executivo terá direito a benefícios como a retirada do FGTS”, recomenda Gilberto Guimarães, gestor de carreiras.
O conselho é dirigido às centenas de executivos que estão com medo de perderem o emprego depois das 86 operações de fusões e aquisições que ocorreram no Brasil apenas em maio, segundo a consultoria PwC. Este é o segundo maior número da história, atrás apenas de dezembro de 2010 que apresentou 95 transações. Izabel de Almeida, managing partner da Thomas Case & Associados/Case Consultores, diz que é natural as pessoas sentirem medo das mudanças. Por isso, não é raro que executivos optem por não ficar na empresa, mesmo quando são convidados a ficar. O importante, segundo Ana Guimarães, gerente da divisão de mercado financeiro da Robert Half, é perguntar exatamente quais são as expectativas e planos da nova companhia. Assim, é possível identificar se eles são compatíveis com a trajetória que o executivo pretende seguir. Macedo, da Heineken, sempre aproveitou esses momentos para propor novas responsabilidades. “Ao longo desses anos, por mais que a empresa fosse a mesma, sempre encarei como novo emprego”, afirma. “Colhemos o que plantamos. A época de plantio é o que dá a base sólida — a formação acadêmica e os conhecimentos de mercado. Depois, é importante saber que não existe cultura certa e, sim, diferente. É preciso ter capacidade de absorver novas culturas de forma rápida. E o mais importante: se não trouxer resultado de curto prazo, não fica na empresa”, diz. Macedo acrescenta que uma armadilha que os executivos precisam ter cuidado é com a zona de conforto. “Não quer dizer que a pessoa escolhida vai ficar lá para sempre. Eu acredito que posso crescer com a Heineken. Esse é o meu novo objetivo.” 

Fonte: Valor Economico

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