segunda-feira, 9 de julho de 2012

Na internet, novos endereços podem dar status aos seus donos

A localização sempre foi um conceito de pouca relevância na internet, onde milhões de empresas disputam a atenção dos usuários à base de publicidade. Mas a criação de novos domínios promete conferir um novo status aos endereços da web. Companhias que já investiam em anúncios on-line para capturar a atenção de milhões de usuários veem nos novos domínios uma ferramenta para valorizar marcas e atrair internautas. No Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco, Ipiranga, Natura, Rede Globo, UOL e Telefônica/Vivo são os primeiros a investir na mudança.
A Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (Icann), organização global que gerencia o registro de sites, realizou em junho um processo de candidatura para novos domínios na internet. A Icann contabilizou 1.930 pedidos globais, sendo sete do Brasil. A organização avaliará os pedidos a partir deste semestre e a expectativa é que aprove novos domínios entre o fim do ano e o início de 2014.
As empresas brasileiras que enviaram suas candidaturas consideram que os novos domínios garantirão maior exposição de suas marcas e facilitarão o acesso a seus sites, principalmente em dispositivos móveis. Para atrair internautas, as companhias fazem uso de anúncios em portais e sites de busca, que possuem grande audiência. "O Google tornou-se a página inicial da maioria das empresas. Muitos usuários preferem pesquisar em vez de se arriscar a digitar o endereço da empresa com erro", disse o advogado Rodrigo Azevedo, do Escritório Silveiro Advogados, que conduziu as candidaturas de domínios da Ipiranga, do Itaú Unibanco e da Telefônica/Vivo.
Tornar o endereço tão simples a ponto de o internauta dispensar os sites de busca facilitará a relação com os internautas, afirma Jeronimo dos Santos, diretor de varejo e marketing do grupo Ipiranga. "O endereço www.ipiranga é simples de ser acessado de qualquer dispositivo", diz Santos. A Ipiranga mantém um portal com 14 sites, que recebe uma média de 30 milhões de visitantes únicos por ano. Além da venda on-line de combustível e da realização de campanhas promocionais, a companhia mantém shoppings virtuais para venda de produtos diversos.
A Telefônica/Vivo, que opera no país com a marca Vivo, também investiu no novo domínio para reforçar a marca e facilitar o acesso, sobretudo em dispositivos móveis, diz Fábio Freitas, diretor de canal on-line e serviços de valor agregado da Telefônica/Vivo. Além do uso pela própria companhia, a operadora planeja conceder registros com o mesmo domínio para empresas parceiras, como as revendas. "Será uma forma de endossar os parceiros, o que pode favorecer as vendas, sobretudo de parceiros que só fazem vendas on-line", disse Freitas.
Para companhias que realizam transações financeiras na web, a segurança é outro aspecto que torna o novo domínio um investimento atraente. Douglas Tevis Francisco, diretor do departamento de pesquisa e inovação tecnológica do Bradesco, disse que os cibercriminosos terão mais trabalho para enganar internautas. Isso porque o banco fará a gestão do domínio e não aprovará a criação de sites com extensão.bradesco que não sejam criados pela própria instituição. "O usuário poderá diferenciar mais facilmente o site do banco dos sites falsos usados para golpes", afirmou.
Ricardo Dutra, diretor de marketing do UOL, observou que o novo domínio confere às companhias qualidades como exclusividade e inovação. "Apenas empresas de certo porte e confiáveis terão um novo domínio", afirmou Dutra. Para ele, a mudança também facilitará a divulgação das marcas internacionalmente, o que pode ajudar empresas interessadas em expandir sua atuação fora do Brasil. "Ao registrar um novo domínio, o que depende de critérios rígidos de aprovação pela Icann, reforçamos o posicionamento como empresa confiável no mercado global de internet", disse.
Entre as companhias do Brasil que solicitaram novos registros, o UOL é o único grupo que pretende dar um uso comercial - e não apenas de marketing - ao novo domínio. O custo das empresas para obter o novo registro é de US$ 185 mil (R$ 371 mil), acrescido de uma taxa anual de US$ 25 mil (R$ 50,2 mil). Os gastos anuais, no entanto, podem encarecer em mais US$ 200 mil (R$ 401,3 mil) por ano se a companhia comprar seus endereços originais na internet e anexá-los aos novos sufixos. Por essa razão, a expectativa é que apenas companhias de grande porte, que operam com orçamentos gordos de marketing, se interessem em solicitar novos domínios - além, é claro, das empresas de internet.
Embora o custo seja muito mais alto que o valor pago para manter um site com extensão convencional (na faixa de R$ 50 por ano), o novo domínio permite à companhia estabelecer políticas mais rígidas de concessão de registros, dificultando a criação de sites falsos ou com conteúdos que desfavoreçam sua marca. "Devido às vantagens, causou estranheza o desinteresse das companhias pelos novos domínios", disse o advogado Azevedo. Ele estima uma procura mais intensa das companhias a partir de 2013, quando os primeiros domínios forem aprovados. Mas novos pedidos só poderão ser feitos em 2014.

Trocando em miúdos
A Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (Icann), que administra o registro de sites, começa a analisar neste semestre os pedidos de registros de domínios de primeiro nível, também conhecidos pela sigla gTLD. São as extensões genéricas adotadas para distinguir categorias de sites, como.com e.gov. Atualmente, existem 22 domínios desse tipo e a expectativa é que esse número suba para algumas centenas. A Apple, por exemplo, solicitou a extensão.apple; se tiver sucesso no pedido, a companhia poderá mudar seu endereço para www.apple. A maioria dos pedidos é para nomes e marcas de grandes companhias, mas há também solicitações genéricas, como o.books, feito pela Amazon, e que serve para editoras e livrarias. A Icann prevê encerrar a análise dos 1.930 pedidos até 2014. Após esse prazo, a instituição aceitará novos pedidos. As companhias que não solicitaram domínios ainda podem proteger suas marcas, participando das consultas públicas em andamento sobre as candidaturas já feitas. A Delta Airlines, por exemplo, poderia pedir à Icann para vetar o pedido de domínio.delta solicitado pelo site de notícias Delta Discovery, porque corresponde à sua marca. "Para as companhias que não se candidataram esse é o momento de evitar que suas marcas sejam apropriadas indevidamente como terminação, ou impedir que sejam malutilizadas", afirmou o advogado Rodrigo Azevedo, do Escritório Silveiro Advogados.
 
 
Fonte: Valor Econômico

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial