A localização sempre foi um conceito de pouca relevância na internet,
onde milhões de empresas disputam a atenção dos usuários à base de
publicidade. Mas a criação de novos domínios promete conferir um novo
status aos endereços da web. Companhias que já investiam em anúncios
on-line para capturar a atenção de milhões de usuários veem nos novos
domínios uma ferramenta para valorizar marcas e atrair internautas. No
Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco, Ipiranga, Natura, Rede Globo, UOL e
Telefônica/Vivo são os primeiros a investir na mudança.
A Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (Icann),
organização global que gerencia o registro de sites, realizou em junho
um processo de candidatura para novos domínios na internet. A Icann
contabilizou 1.930 pedidos globais, sendo sete do Brasil. A organização
avaliará os pedidos a partir deste semestre e a expectativa é que aprove
novos domínios entre o fim do ano e o início de 2014.
As empresas brasileiras que enviaram suas candidaturas consideram que
os novos domínios garantirão maior exposição de suas marcas e
facilitarão o acesso a seus sites, principalmente em dispositivos
móveis. Para atrair internautas, as companhias fazem uso de anúncios em
portais e sites de busca, que possuem grande audiência. "O Google
tornou-se a página inicial da maioria das empresas. Muitos usuários
preferem pesquisar em vez de se arriscar a digitar o endereço da empresa
com erro", disse o advogado Rodrigo Azevedo, do Escritório Silveiro
Advogados, que conduziu as candidaturas de domínios da Ipiranga, do Itaú
Unibanco e da Telefônica/Vivo.
Tornar o endereço tão simples a ponto de o internauta dispensar os
sites de busca facilitará a relação com os internautas, afirma Jeronimo
dos Santos, diretor de varejo e marketing do grupo Ipiranga. "O endereço
www.ipiranga é simples de ser acessado de qualquer dispositivo", diz
Santos. A Ipiranga mantém um portal com 14 sites, que recebe uma média
de 30 milhões de visitantes únicos por ano. Além da venda on-line de
combustível e da realização de campanhas promocionais, a companhia
mantém shoppings virtuais para venda de produtos diversos.
A Telefônica/Vivo, que opera no país com a marca Vivo, também investiu
no novo domínio para reforçar a marca e facilitar o acesso, sobretudo em
dispositivos móveis, diz Fábio Freitas, diretor de canal on-line e
serviços de valor agregado da Telefônica/Vivo. Além do uso pela própria
companhia, a operadora planeja conceder registros com o mesmo domínio
para empresas parceiras, como as revendas. "Será uma forma de endossar
os parceiros, o que pode favorecer as vendas, sobretudo de parceiros que
só fazem vendas on-line", disse Freitas.
Para companhias que realizam transações financeiras na web, a segurança
é outro aspecto que torna o novo domínio um investimento atraente.
Douglas Tevis Francisco, diretor do departamento de pesquisa e inovação
tecnológica do Bradesco, disse que os cibercriminosos terão mais
trabalho para enganar internautas. Isso porque o banco fará a gestão do
domínio e não aprovará a criação de sites com extensão.bradesco que não
sejam criados pela própria instituição. "O usuário poderá diferenciar
mais facilmente o site do banco dos sites falsos usados para golpes",
afirmou.
Ricardo Dutra, diretor de marketing do UOL, observou que o novo domínio
confere às companhias qualidades como exclusividade e inovação. "Apenas
empresas de certo porte e confiáveis terão um novo domínio", afirmou
Dutra. Para ele, a mudança também facilitará a divulgação das marcas
internacionalmente, o que pode ajudar empresas interessadas em expandir
sua atuação fora do Brasil. "Ao registrar um novo domínio, o que depende
de critérios rígidos de aprovação pela Icann, reforçamos o
posicionamento como empresa confiável no mercado global de internet",
disse.
Entre as companhias do Brasil que solicitaram novos registros, o UOL é o
único grupo que pretende dar um uso comercial - e não apenas de
marketing - ao novo domínio. O custo das empresas para obter o novo
registro é de US$ 185 mil (R$ 371 mil), acrescido de uma taxa anual de
US$ 25 mil (R$ 50,2 mil). Os gastos anuais, no entanto, podem encarecer
em mais US$ 200 mil (R$ 401,3 mil) por ano se a companhia comprar seus
endereços originais na internet e anexá-los aos novos sufixos. Por essa
razão, a expectativa é que apenas companhias de grande porte, que operam
com orçamentos gordos de marketing, se interessem em solicitar novos
domínios - além, é claro, das empresas de internet.
Embora o custo seja muito mais alto que o valor pago para manter um
site com extensão convencional (na faixa de R$ 50 por ano), o novo
domínio permite à companhia estabelecer políticas mais rígidas de
concessão de registros, dificultando a criação de sites falsos ou com
conteúdos que desfavoreçam sua marca. "Devido às vantagens, causou
estranheza o desinteresse das companhias pelos novos domínios", disse o
advogado Azevedo. Ele estima uma procura mais intensa das companhias a
partir de 2013, quando os primeiros domínios forem aprovados. Mas novos
pedidos só poderão ser feitos em 2014.
Trocando em miúdos
A Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (Icann), que
administra o registro de sites, começa a analisar neste semestre os
pedidos de registros de domínios de primeiro nível, também conhecidos
pela sigla gTLD. São as extensões genéricas adotadas para distinguir
categorias de sites, como.com e.gov. Atualmente, existem 22 domínios
desse tipo e a expectativa é que esse número suba para algumas centenas.
A Apple, por exemplo, solicitou a extensão.apple; se tiver sucesso no
pedido, a companhia poderá mudar seu endereço para www.apple. A maioria
dos pedidos é para nomes e marcas de grandes companhias, mas há também
solicitações genéricas, como o.books, feito pela Amazon, e que serve
para editoras e livrarias. A Icann prevê encerrar a análise dos 1.930
pedidos até 2014. Após esse prazo, a instituição aceitará novos pedidos.
As companhias que não solicitaram domínios ainda podem proteger suas
marcas, participando das consultas públicas em andamento sobre as
candidaturas já feitas. A Delta Airlines, por exemplo, poderia pedir à
Icann para vetar o pedido de domínio.delta solicitado pelo site de
notícias Delta Discovery, porque corresponde à sua marca. "Para as
companhias que não se candidataram esse é o momento de evitar que suas
marcas sejam apropriadas indevidamente como terminação, ou impedir que
sejam malutilizadas", afirmou o advogado Rodrigo Azevedo, do Escritório
Silveiro Advogados.
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Fonte: Valor Econômico |
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Na internet, novos endereços podem dar status aos seus donos
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