quarta-feira, 23 de maio de 2012

Intuição como caminho para o sucesso do empreendedor

Quanto vale a intuição para um empreendedor? Para Daniel Dalarossa, brasileiro pioneiro no Vale do Silício, ela vale mais do que planos de negócio e pesquisas de mercado. É um diferencial. E é por isso que o executivo pretende abrir um curso de empreendedorismo que tenha o estado intuitivo como um de seus pilares. “A intuição não é só para privilegiados, ela pode ser treinada e desenvolvida”, explica Dalarossa, acrescentando que “há diversas técnicas para atingir um estado intuitivo, elevar a consciência até atingir a transmentalização”. Embora seja o patinho feio das disciplinas voltadas para a formação de empreendedores, esquecida por grande parte dos cursos, a intuição é uma parte importante do processo.
A própria história de Dalarossa mostra isso. Para entender, é preciso voltar ao final dos anos 1980, quando ele e João Lima decidiram montar uma empresa de TI, a Cyclades. De 1988 a 2006, quando foi vendido, o projeto conseguiu ultrapassar as barreiras e se estabelecer no Vale do Silício. Dalarossa resume sua trajetória como “uma história de luta, de desprendimento e de conquistas”, mas principalmente de motivação. “Eu atribuo todo o sucesso à motivação”, diz. Mas o que é a intuição? De acordo com a coach e diretora da Pro-Fit, Eliana Dutra, intuição, da forma como tem sido estudada pela neurociência, é um conhecimento que se tem e passa tão rápido pelo cérebro que não se consegue explicar. Segundo Eliana, todos têm intuição.
A coach dá o exemplo de um chefe de bombeiros que, em meio à atuação durante um incêndio, fez todo o time sair de dentro de um prédio, apesar dos protestos de que o trabalho estava quase terminado. Minutos depois, o prédio explodiu. O chefe estava com uma câmera no capacete e depois de rever os seus passos, percebeu que ele tinha visto uma fumaça alaranjada. Ele lembrou dos primeiros treinamentos, quando seu professor disse que o tom alaranjado significava perigo de explosão. “Ou seja, o conhecimento estava no inconsciente e passou tão rápido pela mente dele, que ele não conseguiu justificar. Isso é a intuição”, explica Eliana.Para ela, treinar isso é ficar aberto àquilo que aparentemente não tem explicação. Partindo da ideia de que a intuição é algo que pode ser treinado, ela também é algo que merece ser parte de um curso para empreendedores. A Zymi, empresa de Daniel Dalarossa, foi criada com esse intento, oferecendo cursos com três diferenciais.
O primeiro é ser feito por pessoas que passaram pela complicada tarefa de empreender e que conhecem as dificuldades (e também facilidades) do processo. Dalarossa pretende trazer mentores para participar dos cursos, sendo um deles Gilson Menezes, que foi colaborador da Cyclades. O segundo é o estado intuitivo, considerado muito importante pelo executivo. “Aquilo que te incendeia, incendeia o time. É bem mais importante do que ser um grande tecnólogo, marketeiro ou vendedor”, diz Dalarossa. E o terceiro é a causa social. Ou seja, 100% das receitas obtidas com os cursos serão revertidas para o Instituto Cuore, outra iniciativa de Dalarossa, voltada para o desenvolvimento da autoestima de “crianças em situação de vulnerabilidade social”. De acordo com o líder da Zymi, essa característica é informada aos empreendedores antes da matrícula nos cursos. ¦

De uma garagem em São Paulo direto até o Vale do Silício
A história de como dois sócios deixaram a Vila Olímpia e conquistaram o Vale do Silício
Daniel Dalarossa começou a vida de empreendedor em uma garagem da Vila Olímpia, em São Paulo, dividindo o salário do sócio, João Lima. A história da Cyclades, primeira empresa de Tecnologia da Informação brasileira a ir para o Vale do Silício, começa assim. Ele era formado em Computação na USP.
Lima era engenheiro eletricista pela Unicamp. E os dois abriram uma empresa em 1988 com capital equivalente a US$ 6 mil para vender placas para comunicação entre monitores. Dalarossa conta que foram diversas fases na criação da Cyclades. A primeira, no Brasil, até o início dos anos 1990. A segunda quando surgiu a ideia de ir para os Estados Unidos. “Isso foi sem plano de negócios, sem planejamento. Foi muito por intuição.
Quando contratamos um amigo nosso para ser nosso country manager lá, ele nos botou abaixo”, lembra o empreendedor. Mesmo assim eles foram em frente e, em 1993, apareceu a oportunidade com o Linux. Por ser gratuito, o programa era popular — e a Cyclades aproveitou a oportunidade e adaptou seu produto. Foi o boom da companhia, que chegou em 1999 com receita de US$ 9,3 milhões e exportações para a Europa. Em 2006, quando foi vendida para a Avocent por US$ 100 milhões, a Cyclades já possuía filiais em 14 países e mais de 8 mil clientes. O sucesso dos dois é constantemente citado como exemplo. “Houve sensibilidade para escolher mercado, muita luta em vendas, houve o Linux, mas eu não atribuo o nosso sucesso a tecnologias. Isso é consequência de algo maior, que é motivação. Se você está motivado, você faz tudo”, fala Dalarossa.

Fonte: Brasil Econômico

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