Marcos Vinicius Cascino tem apenas 32 anos e gerencia 600 funcionários
como presidente da mantenedora do Centro Universitário Ítalo Brasileiro.
É uma equipe diversificada, que engloba desde aprendizes até
professores com Ph.D. Marcos também tem, como clientes, alunos de 18 a
50 anos de idade. Já são 14 anos desde que começou sua carreira na
instituição, aos 18 anos, como coordenador da área de marketing e uma
equipe de apenas três pessoas. O segredo, aponta, é realizar um trabalho
cooperativo e, principalmente, saber ouvir. “Todos se complementam.
Vejo que o jovem chega com pontos de vistas diferentes e quer inovar,
mas se não for conduzido de forma experiente, esta energia se dissipa”,
comenta Marcos. “Por outro lado, funcionários com mais idade têm
vivência do que deu certo ou errado. Por isso, sempre busco colocar as
pessoas para trabalharem juntas. Não desprezo nenhuma delas.”
No início do trabalho em sua atual função, Marcos teve que apresentar
resultados rápidos e lidar com características pessoais e próprias de
sua geração, como a impulsividade. O executivo lembra que teve que
encarar o preconceito e a desconfiança dos funcionários mais velhos e
buscar ouvi-los para amadurecer ideias. “Muitos jovens saem da faculdade
já se sentindo donos da verdade e transmitem arrogância. Isto é um
erro. Por mais inovador que seja o meu ponto de vista, é sempre bom
conciliá-lo com experiências.” O vice-presidente das Américas da
consultoria de recursos humanos Right Management, Bram Lowsky, aponta
que o desafio de lidar com uma equipe diversa é maior agora. “Somos mais
multigeracionais do que nunca e o gestor tem que entender cada faixa
etária.
Enquanto os mais velhos trabalharam para apenas uma companhia em toda a
sua carreira e estão acostumados com promoções, os mais jovens vão ter
pelo menos 15 empregos durante sua vida profissional”. É necessário,
portanto, que o gestor saiba lidar com estes ritmos e valores diversos.
“A geração de profissionais mais velhos está acostumada com hierarquia e
não sabe lidar com autonomia. Já os mais jovens querem autonomia, mas
não têm experiência em tomar decisões difíceis”, diz Zuca Palladino,
gerente da divisão de vendas da consultoria de recursos humanos Michael
Page. A solução, aponta a consultora da Right Sueli Aznar não é competir
e confrontar, mas, sim, buscar colaboração. Os mais velhos, por
exemplo, podem ter uma posição de mentor, principalmente se atuarem como
gestores. “Eles devem buscar um comportamento mais ponderado para
desenvolver a nova geração e até mesmo repensar hábitos, como doar a
vida ao trabalho.
É necessário impor limites à jornada buscando maior qualidade de vida,
algo visto frequentemente entre os profissionais mais jovens.” Os mais
novos, por sua vez, devem aceitar essa parceria para maturar ideias e
decisões. “Eles são ligados em tecnologia, têm boa formação e sabem
lidar com grande quantidade de informação, mas são imaturos ao lidar com
pessoas. Eles têm que entender que o mais velho pode ser um grande
conselheiro, independentemente da posição, que pode até ser um cargo
abaixo do dele”, completa Sueli. Neste processo, o ideal é não
sobrecarregar ninguém, aponta Palladino. “Não se deve colocar apenas
tarefas operacionais ou apenas estratégicas para determinado
funcionário. As pessoas hoje buscam um bom ambiente de trabalho. A
rigidez não tem mais espaço.”
Fonte: Brasil Econômico
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