Sabe aquela meta de vendas que apesar de não ser nada demais, entra mês e
sai mês continua lá, distante de ser alcançada? Ou aquele funcionário
de semblante pesado, que a despeito de todo o seu interesse e esforço
permanece desmotivante e desmotivado? Pois bem, para alguns
especialistas, as raízes para esses problemas podem não estar
necessariamente dentro do departamento comercial, que anda pouco
inspirado na abordagem aos cliente, ou na cabeça do empregado, que
parece mal humorado por natureza. Para eles, quando alguma coisa vai mal
dentro de uma empresa, a culpa – quase sempre – está com o
empreendedor, o dono do negócio.
Para quem acha a tese acima pouco crível, o professor da Fundace
Business School, Gilberto Tadeu Shinyashiki, logo rebate: “a empresa
sempre vai ter a cara de seu dono, tanto para o lado ruim, quanto para o
bom”. Para ele, é errado pensar que os problemas do empreendedor não
repercutem no desempenho dos funcionários e no negócio como um todo.O consultor Claudio Diogo, sócio-diretor da Tekaore, especializada em
treinamento de equipes comerciais, concorda com Shinyashiki. “Quando um
adolescente dá muito trabalho, eu costumo dizer que, não é apenas ele
que está errando, mas seus pais também. Falta alguma coisa dentro de
casa que justifique aquele comportamento. Em uma empresa, seja ela
pequena, média ou grande, é igual”, afirma.
Para os dois especialistas, no entanto, pode ser difícil o
empreendedor perceber que seus vícios e comportamentos negativos
contaminam a empresa. Na expectativa de auxiliar a compreensão desses
problemas, eles sugerem cinco dicas com o que consideram os erros mais
comuns dentro do universo corporativo. Vale ler o conteúdo e refletir
sobre o tema.
“Eu brilho sozinho”
Uma empresa nasce e cresce partindo de uma atitude positiva do
empresário. Segundo o consultor Claudio Diogo, o empreendedor é
forjado, geralmente, pela necessidade de resolver um determinado
problema por conta própria. “Chega uma hora que não dá para esperar e
você mesmo resolve. É assim que normalmente nasce uma empresa de
sucesso, criada a partir de uma ideia original”, afirma. No entanto,
ressalta Diogo, o impulso desbravador precisa ceder um pouco no dia a
dia dos negócio. O empreendedor de sucesso, destaca o consultor, precisa
tomar cuidado para que seu brilho natural não intimide o despertar de
novos talentos na equipe. “Tem hora que o empresário precisa apagar um
pouco sua luz e criar espaço para o desenvolvimento de uma equipe. A
empresa não pode girar em torno de seu dono apenas.”
“Meu negócio sou eu”
Os empresários gostam de dispender energia refletindo sobre
planos de crescimento, expansão e, em alguns casos, de pura
sobrevivência. Mas fecham os olhos e fazem careta quando a ideia de se
desligarem do negócio por eles fundado passa pela mente. Isso, para o
professor Gilberto Tadeu Shinyashiki, é o causador de muitos dos
problemas dentro da empresa. “Quem prepara a empresa para sua saída, tem
outro relacionamento com os funcionários, investidores e o próprio
mercado”, diz o especialista. Para ele, ao encarar uma aposentadoria, o
empresário é obrigado a formar sucessores e atrair interessados em
investir no negócio, que por sua vez vislumbram um plano de longo prazo
para a empresa. “Pensar em sair da operação também estimula a competição
entre a equipe, que enxerga um plano de carreira dentro da empresa”,
afirma.
“Esse é dos meus”
Para o empresário, é mais fácil conviver com funcionários que
nutrem pensamentos próximos ao dele do que com uma equipe formada por
personalidades divergentes. No entanto, acredite, a diferença é saudável
para um negócio, no sentido que instiga o debate e a visão múltipla
sobre os desafios corporativos. “Se o dono da empresa montar uma equipe
comercial com base em seu estilo de vendas, vai ter problema. É preciso
atrair pessoas diferentes, complementares. Esse é um erro muito comum
dentro de pequenas e médias empresas”, afirma Diogo.
“Entramos nos trilhos”
Quem não desconfia do sucesso, corre o risco de ser ultrapassado
pela concorrência e ver a empresa se tornar obsoleta. Quem dá a dica é
Shinyashiki. O professor ressalta que, na prática, um dos principais
problemas dos empresários é não saber quando é o momento de revisar o
seu negócio. “É difícil mesmo para o dono da empresas. Ele teve uma
ideia legal, montou uma empresa com base nisso, sofreu para se
solidificar, cresceu e chegou lá. É muito duro, nesse momento, criticar e
encarar a ansiedade de começar novamente. Mas esse é um exercício que
deve ser cotidiano, tocado de tempos em tempos”, destaca.
“Faz um vale aí”
Olhar um negócio da perspectiva em que ele se apresenta, às
vezes pode causar algumas ilusões. Para Shinyashiki, o empresário
precisa levantar a cabeça e passar a observar o mundo por outro patamar.
Assim, não corre o risco de, por exemplo, não perceber que a empresa
cresceu, o que requer do dono uma nova postura, principalmente com os
seus colaboradores. “Quer ver um exemplo de empresário que não percebe
que a empresa cresceu? É quando o gerente financeiro estabelece uma
série de normas para o departamento, cria métricas, implementa fluxo de
caixa, sistemas, e, um belo dia, no final do expediente o empresário
bate no balcão e diz: 'faz um vale de R$ 500 que vou viajar neste final
de semana'. Esse empreendedor não entendeu que a organização precisa que
ele faça coisas diferentes agora”.
Fonte: Estadao.com.br
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