Quando ainda era trainee, Ricardo Perez, 34 anos, diretor de marketing e
comercial da TVA, costumava encontrar um grupo de funcionários de uma
empresa na qual havia trabalhado anteriormente. Enquanto outros
profissionais foram perdendo contato, o executivo manteve a agenda em
dia. Este relacionamento fez com que um de seus ex-colegas o indicasse
para uma vaga de gerente de forma inesperada. Resultado: ele foi
contratado. “O relacionamento profissional é algo que é construído no
dia a dia. Não se trata de buscar contatos apenas quando precisamos de
algo”, aponta Perez.
O comportamento do diretor é considerado correto por especialistas.
Marcelo Miyashita, palestrante de networking e professor de MBA, aponta
que relacionamentos de mão única não se sustentam. “Só valem para a
prospecção de clientes.” Manter a rede profissional consiste em
cultivá-la, usar palavras adequadas e, principalmente, enviar o
currículo na hora certa. Pressão por favores e indicações e abordagens
de pessoas que mal conhece são comportamentos a serem evitados. O ideal,
por exemplo, é esperar o momento que o contato peça o seu currículo.
“Nunca o envie no primeiro contato. Prefira comunicar que saiu da
empresa e está em busca de novas oportunidades. E não peça emprego, mas,
sim, orientações”, aponta Jonas Tokarski, coach da Ricardo Xavier
Recursos Humanos.
O profissional também deve expandir sua rede inclusive com pessoas com
cargos inferiores, algo que não é feito frequentemente por diretores. Em
almoços ou cafés com contatos profissionais, falar apenas de trabalho é
proibido. Quando o profissional busca se recolocar no mercado, melhor
deixar o outro conduzir a conversa durante estes eventos. O networking é
o método mais utilizado no Brasil, buscado por 83% dos executivos que
estão a procura de nova colocação, segundo pesquisa da consultoria Right
Management. Apesar dele ter uma importância muito grande, consultores
apontam que o brasileiro ainda não tem a cultura de preservar sua rede
profissional e usá-la de forma correta. “Todos buscam contatos na hora
de mudar de posição, mas não usam bem as ferramentas, com coerência”,
aponta Tokarski. Perez segue à risca estas regras e preserva sua rede
profissional. Para ele, não há telefonema que substitua o contato
pessoal e, sempre que possível, promove almoços de networking com
ex-chefes, colegas, clientes e ex-funcionários.
Nestas ocasiões, 90% dos assuntos são pessoais. O restante do tempo é
utilizado para falar sobre momento profissional e mudanças no mercado de
trabalho, inclusive de pessoas que os participantes conheçam. “Até
mesmo para realimentar essa rede na sequência do evento”, explica. Para
reforçar sua rede, Perez também participa de redes sociais. “Compartilho
atividades que fazemos na empresa e que deram bons resultados, como
convenções, e busco compartilhar conteúdo relevante sobre o segmento.”
Miyashita acredita que dessa forma o contato acontece de forma mais
natural. “Por conta desta exposição on-line as pessoas fazem contato de
maneira mais espontânea. Ao gerar conteúdo, o profissional colabora e se
torna útil para os outros. Esta é uma postura que deve ser mantida no
networking”, ensina. O diretor da TVA já recebeu uma mensagem pelo
LinkedIn de um profissional que o conhecia. Como ele o abordou da
maneira correta, lembrando onde tinham se encontrado e que estava a
procura de oportunidades, resolveu indicá-lo para uma vaga. “Hoje, ele
trabalha ao meu lado e o considero meu braço direito”, completa.
Fonte: Brasil Econômico
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